quinta-feira, 7 de março de 2019

As “Mulas”, obra literária de Luiz Taques



As “Mulas”, obra literária de Luiz Taques
Por Maria Lúcia Medeiros Teixeira*

Mulas não carregam apenas o ilícito, carregam, também, as marcas da ilegalidade que, no limiar do amor e do sexo, da dor e do prazer, do crime e do castigo, traduzem a contradição que possa existir na busca de uma vida farta e feliz e o encontro com a imensurável tragédia entre o bem e o mal.
Com a primorosa novela MULAS, de Luiz Taques, tomamos conhecimento de alguns exemplos fictícios: uma bolivianinha de Puerto Suárez e uma loira de Marechal Hermes, o bairro operário carioca.
Há, no entanto, no mundo real, Kátias, Patrícias, Roses, Julianas e tantas outras que, igualmente, inebriadas na busca da sobrevivência, encontram o caminho do cárcere e da degradação.
É que a realidade não escolhe heróis nem vilões. Porque sua complexidade tem a própria sociedade como parâmetro. E expor seus meandros, suas ambivalências e seus limites é uma característica desse autor com fortes traços de repórter.
E, mesmo sem eleger culpados, embora eles existam, mulas cumprem penas insólitas, recebem sentenças de morte e, lógico, a alcunha que irá eternizá-las.
A ficção de Taques é quente.
O seu livro é vigoroso.
Personagens são marcados pelo destino cruzado da maldição das drogas; protagonizam uma saga não ética e exclusiva em que a violência física, sexual, emocional e psíquica, ultrapassa os limites das leis e da condição humana.
Narrativa ímpar, a proporcionar sentimentos quase visíveis aos olhos do leitor.
As palavras?
Em tons contundentes, porém carregadas de emoções, ao abordar o tráfico na fronteira oeste brasileira.
*Maria Lúcia Medeiros Teixeira é psicóloga.
(Publicado originalmente no Campo Grande News)

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