As
“Mulas”, obra literária de Luiz Taques
Por Maria
Lúcia Medeiros Teixeira*
Mulas não carregam apenas o ilícito,
carregam, também, as marcas da ilegalidade que, no limiar do amor e do sexo, da
dor e do prazer, do crime e do castigo, traduzem a contradição que possa
existir na busca de uma vida farta e feliz e o encontro com a imensurável
tragédia entre o bem e o mal.
Com a
primorosa novela MULAS, de Luiz Taques, tomamos conhecimento de alguns exemplos
fictícios: uma bolivianinha de Puerto Suárez e uma loira de Marechal Hermes, o
bairro operário carioca.
Há, no
entanto, no mundo real, Kátias, Patrícias, Roses, Julianas e tantas outras que,
igualmente, inebriadas na busca da sobrevivência, encontram o caminho do
cárcere e da degradação.
É que a realidade não escolhe heróis nem vilões. Porque sua complexidade tem a
própria sociedade como parâmetro. E expor seus meandros, suas ambivalências e
seus limites é uma característica desse autor com fortes traços de repórter.
E, mesmo
sem eleger culpados, embora eles existam, mulas cumprem penas insólitas,
recebem sentenças de morte e, lógico, a alcunha que irá eternizá-las.
A ficção
de Taques é quente.
O seu
livro é vigoroso.
Personagens
são marcados pelo destino cruzado da maldição das drogas; protagonizam uma saga
não ética e exclusiva em que a violência física, sexual, emocional e psíquica,
ultrapassa os limites das leis e da condição humana.
Narrativa
ímpar, a proporcionar sentimentos quase visíveis aos olhos do leitor.
As palavras?
As palavras?
Em tons
contundentes, porém carregadas de emoções, ao abordar o tráfico na fronteira
oeste brasileira.
*Maria
Lúcia Medeiros Teixeira é psicóloga.
(Publicado originalmente no Campo Grande News)
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