"Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da lei..." (Bordão do regime de 1964)
AINDA
QUE TEIMEM, A HISTÓRIA NÃO ANDA PARA TRÁS...
1964 ficou no passado, e o
saudosismo daqueles que não têm projeto de nação e muito menos programa de
governo pode tumultuar e causar prejuízos econômicos e sociais -- porque o País
não suporta tanto amadorismo e improviso de canastrões --, mas não terão competência
política para concretizar algo cujas condições históricas estão longe das
necessárias para que pudesse ocorrer.
Ainda
que os saudosistas sublimem, que sofismem como têm feito reiteradas vezes, 1964
ficou para trás. Hoje, a despeito de uma vitória eleitoral de pirro (porque,
além de fraudada e cheia de vícios, sobretudo legais, o capitão da reserva não
soube -- desculpem o quase trocadilho -- capitalizar no momento certo sua
legitimação, tamanha sua incompetência política), o Brasil é outra nação, com
demandas complexas e, finalmente, com valiosíssimos interesses no concerto das
nações.
A
similaridade entre 1964 e 2016-2018 (isto é, da deposição de Dilma à “eleição”
do ex-tenente imponderável) está na cooptação, por agentes do governo de
Washington (via Departamento de Justiça da Casa Branca), de certo número de
agentes do Estado brasileiro (juízes, promotores, policiais e auditores fiscais),
políticos, empresários e formadores de opinião, além da manipulação, pelos
grandes grupos midiáticos, de setores suscetíveis ao discurso golpista (a
pseudo classe média, o capital financeiro, rentistas e os setores parasitários
da sociedade).
Aliás,
as velhas oligarquias perderam seu espaço para uma nova classe econômica
pragmática, resoluta e sobretudo eficiente. Sem dúvida, essa nova elite
brasileira incorreu num flagrante erro ao embarcar na aventura golpista de
Temer, Jucá e Moro, “com Supremo, com tudo”, mas, depois de terem dado o seu
voto (nada útil) para o imprevisível ex-tenente rebelde que vive a brincar de presidente,
procuram uma equação política por meio do general Mourão, seu vice, que tem
tentado se preservar das turbulências provocadas pela pretensa dinastia
presidencial...
Recentes
artigos elucidativos dos Jornalistas Luís Nassif (sobretudo aquele que revela
as relações nada republicanas do Departamento de Justiça e agentes do Estado
brasileiro, entre os quais Sérgio Moro e seus colegas da Lava Jato), Mino
Carta, Fernando Morais, Alex Solnik, Paulo Henrique Amorim, Kiko Nogueira,
Paulo Rovai, Luiz Carlos Azenha, Ricardo Kotscho e Sérgio Guimarães, e análises
de Celso Amorim, Jessé Souza e Sérgio Altman elucidam toda e qualquer tentativa
de sofismar uma aberração da história como foi aquele período de 21 anos de
arbítrio e opressão.
Na
verdade, a incompetência e falta de legitimidade dos atuais inquilinos do
Palácio da Alvorada os fazem subverter a ordem cronológica e lógica do poder,
até no sentido mais conservador. O capitão da reserva remunerada, quase 30 anos
obscuro deputado federal, não agrega, não representa e, pior, não articula
absolutamente nada, eis porque vive de (sic) “fake news” e de falsas questões,
inclusive a de reabrir uma ferida não suficientemente cicatrizada...
Mais
que nunca, é hora de que todas as forças sinceramente democráticas -- incluindo
as do centro-direita liberal, sem qualquer preconceito -- se dispam de mágoas,
vaidades e mesquinharias e façam das ruas o palco da História (com letra
maiúscula), para acabar de vez qualquer tentativa funesta de, na falta de
programa de governo ou projeto de nação, a imbecilidade que tomou conta dos
destinos da nação, retorne ao lugar de onde jamais deveria ter saído: o lixo
da História.
Ahmad Schabib Hany
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