sábado, 15 de junho de 2019
segunda-feira, 3 de junho de 2019
Escritor aborda o estilo de vida de rua imaginária da sua cidade natal
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LÉIA DA MOTA E SILVA (IN MEMORIAM)
LÉIA DA MOTA E SILVA (IN
MEMORIAM)
Neste domingo,
dia 2 de junho, chega-nos a fatídica notícia, por meio de minhas irmãs, da
eternização da querida Amiga de infância Léia da Mota e Silva, neta dos
igualmente queridos e saudosos Amigos de primeira hora, o Senhor Inácio Ramos
da Silva e Dona Aniceta da Mota e Silva, que se eternizaram há algumas décadas.
A Amiga Léia era filha do saudoso Senhor Leandro da Mota e Silva e irmã do
igualmente saudoso Mário da Mota e Silva.
Lembro-me de
Léia, ainda criança, brincando ao lado da também saudosa prima Solange, quase
da mesma idade de minhas irmãs do meio, e de (se a memória não tiver me traído)
Tereza, filha do saudoso Senhor Washington da Mota e Silva e Dona Raquel, na
primeira festa junina que vi na Vida, em 1965. Corumbá, na época, cultuava o
São João dentro da tradição cuiabana, com pau-de-sebo, fogueira e todas aquelas
delícias típicas na frente da casa. Para nós, recém-chegados, tudo aquilo era
novidade, e aquela alegria incontida nos cativava, ainda que também nos
causasse algum estranhamento.
Pouco menores,
as primas Vilma (irmã caçula de Solange), Suzane e Sandra e os primos Aguinaldo
e o saudoso Otávio (dois casais de filhos de Dona Natália e de Seu Arruda)
também se integraram aos festejos anuais da Família Mota e Silva, em anos
posteriores. Então, os filhos do saudoso Dorival da Mota e Silva (o querido
Dori) também já estavam crescidos.
Já adolescentes,
Léia e Solange eram grandes Amigas de minha irmã Fati, e compartilhavam livros
e revistas de todo tipo, além de dedicarem tempo também para os estudos.
Lembro-me bem de uma redação da Léia que era de fazer inveja aos mais eruditos
alunos dos concorridos professores de Língua Nacional (como a disciplina de
Língua Portuguesa era então chamada). Essas duas Amigas eram reconhecidamente
estudiosas, muito inteligentes e trabalhadoras, talvez o casamento precoce
tivesse contribuído para não prosseguirem com seu projeto de estudos.
Ao revelar-se
grande Mãe, Léia priorizou sua Família, apoiando seu único companheiro de Vida
e estando presente na trajetória de todos os filhos, entre eles, o Anderson, a
Adriana e a Natália, que seguiram seu próprio rumo, mas sem perder o vínculo
afetivo com ela. Com todas as adversidades que a Vida lhe apresentou, ela mesma
reabilitou o esposo adoentado, sempre com o pulso firme, mas sem perder o
afeto, o carinho. Da mesma forma, quando começou a se sentir mal, apesar da
angústia, dedicou todo o seu tempo, lúcida e afetuosa, para orientar o filho a
continuar a reabilitação do pai e outras providências da Família, como que
soubesse que seu tempo estava no limite.
Léia e seu irmão
Mário, desde tenra idade, foram assistidos pela Tia e Madrinha Dona Chula, a
saudosa Senhora Lucélia da Mota e Silva, filha mais velha de Seu Inácio e Dona
Aniceta, que era uma exímia costureira e um ser humano de uma generosidade
ímpar. Carros e mais carros com senhoras da sociedade (como se soía dizer na
época) paravam na porta de sua casa para encomendar a confecção de roupas de
todos os tipos, dos mais simples aos mais sofisticados. Embora solteira, Dona
Chula dedicou toda a sua Vida aos afilhados, irmãos, sobrinhos, sobrinhos-netos
e demais parentes e amigos que precisassem de ajuda, afeto e atenção. Até o
final de seus dias, sem qualquer gesto de esnobismo, viveu a caridade em toda a
sua extensão, com profunda leveza, alegria, descontração e irreverência.
A Família Mota e
Silva é, ao lado da Família da querida e saudosa Dona Ventura Ferreira e de
Dona Eusébia dos Santos, uma referência, para toda a minha Família, da
dignidade e hospitalidade do corumbaense “da gema”. Assim que chegamos a
Corumbá, depois de termos residido pouco mais de mês aos fundos da loja de
armarinhos de meu querido e saudoso Pai, à rua Joaquim Murtinho, entre as ruas
Frei Mariano e Antônio Maria (ao lado do açougue do saudoso “Massa Barro”), nos
mudamos para o endereço da Família por mais de 50 anos.
A mudança, de
aproximadamente duas quadras, foi feita num caminhão modelo “Gigante”, da
Chevrolet, pelo saudoso Senhor Jardes, o popular “Teté”, que, poucos anos
depois, não resistiu ao ataque de uma boca-de-sapo, no Pantanal, quando foi
consertar um trator numa fazenda muito distante. Seu “Teté” era esposo da
saudosa e querida Dona Lucinda da Silva Jardes (Dona Lucha), pai da querida e
saudosa Solange da Silva Jardes, precocemente eternizada em fins da década de
1990 ao dar à luz sua terceira filhinha, que também se eternizou com a Mãe.
Além dela, a também sempre guerreira Vilma da Silva Jardes, filha caçula, hoje
residindo com o esposo e o filho em Campo Grande.
O meu primeiro
Amigo na Vida -- o Senhor Inácio, além de grande chefe de Família, era magarefe
dos tempos dos saladeiros, das charqueadas. Nascido em 1905, depois de
aposentado se dedicou à carpintaria até os derradeiros dias de sua existência,
interrompida em 1987 --, mais de 50 anos mais velho que eu, era, obviamente,
Amigo de meus saudosos Pais, e uma Amizade (dessas com letra maiúscula) foi se
desenvolvendo com toda a sua querida Família e a nossa, sem qualquer interesse
ou pretensão. Mais que vizinhos, são parte de nossa história em Corumbá.
Hoje, quando a
agora saudosa Léia parte para a eternidade e deixa filhos e netos, nos
solidarizamos com todos esses queridos Amigos que a Vida nos presenteou, em
particular Seu José Milton e Professora Judite, Dona Natália e Seu Arruda, e a
Professora Angelita e Seu Jubiraci (o querido Bira). Lembremos que o amor de
Seu Inácio e Dona Aniceta é o grande alicerce e conforto para continuar a
Jornada infindável. Por isso, força, fé e resignação neste momento de profunda
dor e saudade infinita.
Até sempre,
Amiga Léia! Sua Amizade sincera viverá sempre em nossos corações...
Ahmad Schabib Hany
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